ENTREVISTA

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ENTREVISTA

     “Enxerguem cada ser como único, um universo a ser desvendado a cada dia, composto de singularidade e beleza, que nos transforma em alguém melhor a cada dia”. (Professora Cida)

Por conta dos resultados alcançados em seu trabalho como professora da sala de Atendimento Educacional Especializado na Escola Municipal Professora Maria de Lourdes Pedroso Perin, foi convidada para nossa primeira entrevista a professora Aparecida Pacannaro Zanchetta, que tem 24 anos de experiência na docência, sendo 15 desses anos dedicados à educação inclusiva. A professora defende a importância da formação continuada e da desconstrução de preconceitos enraizados socialmente: "O problema não é não saber, mas não buscar se informar, para que não se dissemine ainda mais preconceito, mesmo que inocentemente", disse ela.

"Eu mesma já fui muito ignorante quando se diz respeito à inclusão e sei que tenho muito a aprender ainda, o principal é não subestimar a capacidade dos alunos, pois reconheço que é o espaço em que mais aprendi, como profissional e ser cidadã. Hoje reconheço que apesar das dificuldades de se lidar com universos diferentes, a diversidade é nosso maior patrimônio. Cada aluno que tive deixou um pedacinho em mim e me marcou, formando a mulher que sou hoje".

A professora realizou, com todos os alunos da sala de Atendimento Educacional Especializado em parceria com outros alunos e a fonoaudióloga, um trabalho elogiado por toda a cidade, em busca de alegrar os alunos e integrá-los, acabou desconstruindo preconceitos, através da encenação da peça "Chapeuzinho Vermelho" (para toda a escola e comunidade externa, posteriormente), que teve como personagem principal uma aluna autista, que mostrou nesse trabalho toda sua superação. Toda a peça, desde cenários até o próprio texto, foi produzida pelos alunos do AEE, que estão envolvidos atualmente na construção de uma nova peça "João e Maria".

 

  • Como você define educação inclusiva?

R: Educação inclusiva se fundamenta numa política da concepção de direitos humanos, defende o direito que todos os alunos têm de acesso e permanência na escola sem qualquer forma de discriminação.

 

  • Quais são as principais dificuldades no sentido de se conseguir uma efetiva inclusão escolar?

R: Para que as escolas se tornem verdadeiramente inclusivas e para que desenvolvam um trabalho efetivamente de qualidade, reconhecendo e valorizando as diversidade, em seu sentido amplo, e desconstruindo preconceitos dos alunos, da escola e dos professores, deve-se investir maciçamente  em políticas educacionais de qualidade, na infraestrutura das escolas e, principalmente, na formação dos professores.

 

  • Como a convivência entre pessoas diferentes pode contribuir para potencializar a capacidade que cada um de nós possui?

R: Contribuindo para o respeito às diferenças, tirando disso o potencial produtivo que cada aluno tem, formando o todo, entendendo a diversidade como um patrimônio que nos torna melhores como alunos e cidadãos.

 

  • O professor está preparado para o desafio da inclusão?

R: A maioria ainda não está, falta muito em relação à sua (in) formação e quebra de tabus que envolvem a permanência e real acolhimento – para além das políticas públicas em papel -  dos alunos nas escolas.

 

  • Como assegurar real aprendizagem na prática inclusiva nas salas de recursos?

R: Com a percepção da evolução de cada aluno, através de uma parceria da sala de recursos e seus profissionais, o professor da sala de aula convencional e a família, percebendo mudanças no comportamento e na assimilação do conteúdo, por exemplo, de acordo com as necessidades e particularidades de cada aluno, explorando suas potencialidades junto aos recursos existentes.

 

  • Qual o papel da família nesse processo todo?

R: A família deve atuar como parceira da escola e dos profissionais envolvidos nesse processo, participando do espaço escolar dado a eles, mantendo-se informada sobre seu filho e assuntos que envolvem o tema da inclusão escolar, acompanhando o trabalho desenvolvido e repassando suas percepções do processo à escola.

 

  • Como a tecnologia auxilia na inclusão escolar?

R: As ferramentas tecnológicas têm sido muito úteis, trazendo uma inovação positiva para as atividades a serem desenvolvidas, vista a atratividade que dão ao conteúdo levando em consideração as dificuldades/necessidades dos alunos, auxiliando os profissionais no processo de ensino e aprendizagem. Também funcionam como uma importante ferramenta para os professores, visto que auxiliam os profissionais no âmbito da formação continuada e atualização, repassando informações importantes acerca do tema da inclusão escolar, ajudando-nos com nossas angustias e desconstruindo determinados preconceitos existentes por falta de conhecimento, muitas vezes.

 

  • Como deve funcionar a relação entre o currículo e a educação inclusiva?

R: Deve-se conhecer o aluno e suas dificuldades e necessidades a fim de explorar suas potencialidades, adaptando a isso o currículo. Posso dar o exemplo de uma aluna autista, que na sua prova de Língua Portuguesa, dada por sua professora, tinha dificuldades em produzir um texto nos moldes tradicionais, mas devido sua habilidade e paizão por desenhos, produziu a proposta dada na avaliação em forma de história em quadrinhos, surpreendendo a todos.

 

 

“Crianças são como borboletas ao vento, algumas voam rápido, algumas voam pausadamente, mas todas voam do seu melhor jeito. Cada uma é diferente, cada uma é linda e cada é uma especial”. (Alexandre Lemos)

 

→ REPORTAGEM SOBRE INCLUSÃO:

http://acervo.novaescola.org.br/formacao/conheca-salas-recurso-funcionam-verdade-para-inclusao-deficiencia-546795.shtml?page=all

 

→TRABALHO SOBRE INCLUSÃO:

http://salamultiespecialdaandrea.blogspot.com.br/2013/01/inclusao-escolar-dicas-e-sugestoes-de.html